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Página:O seminarista (1875).djvu/153

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parecendo estranho a tudo que em derredor dele se passava. Grave e pausado como um velho ermitão formava um vivo contraste com a turba jovial de seus gárrulos e travessos companheiros; dir-se-ia o triste e moroso noitibó perdido entre um bando de inquietos e chilradores melros.

Nas horas de estudo e recolhimento vivia debruçado sobre os livros, mas tinham observado que cismava muito e lia bem pouco. Os seminaristas novos, que ainda não o conheciam, tê-lo-iam tomado por um idiota, se na aula o rapaz não desenvolvesse prodígios de memória e de inteligência dando de si melhores contas do que nenhum outro. Isto mesmo era mais um motivo de pasmo da parte dos seminaristas, que olhavam para aquele excêntrico e misterioso colega com certa curiosidade cheia de respeito e admiração.

Que ia, porém, fazer aquele estudante duas e três vezes por semana ao quarto do padre-mestre diretor?... O leitor vai já sabê-lo.

O pai de Eugênio, reenviando-o para o seminário, tinha escrito aos padres comunicando-lhes os desvios e desregramentos de seu filho, e pedindo-lhes muito encarecidamente que tomassem debaixo de seu particular cuidado dirigir-lhe a consciência e procurar desarraigar-lhe do espírito