torturarem-lhe o coração, o pobre moço pensava morrer de despeito, de vergonha e desesperação.
Blasfemava, estorcia-se e entrava em acessos de furor.
Estranho e deplorável egoísmo do amor! Eugênio teria sofrido menos, se soubesse que Margarida, fiel ao seu amor, houvera sucumbido vítima da mágoa e da saudade. Mais depressa se teria resignado, e daria por bem empregados todos os peníveis esforços, todos os sacrifícios a que se devotou durante anos para desterrar do coração a imagem dela. Quando considerava em sua infidelidade, envergonhava-se de ter mirrado a flor de sua mocidade em uma luta improfícua contra um inimigo indigno dele, contra uma mulher, que o fascinara com as aparências de um anjo, e que não era mais que larva imunda, que há mais tempo devera ter esmagado debaixo dos pés!
Estranha alucinação! Julgava-se com o direito, e até com o restrito dever de bani-la para sempre da lembrança, e quisera que ela o amasse a todo o transe, que se deixasse finar por ele de amor e de saudade!
Morta de amor por ele, seria um anjo, que chamava para o céu. Viva nos braços de outro, é a serpente que o arrasta para o inferno.