Página:O seminarista (1875).djvu/229

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assim tanto para não consternar o padre, como porque realmente a alegria de vê-lo a fazia esquecer os seus sofrimentos.

— Acha-se melhor?... - retorquiu o padre - ainda bem!... não precisa mais dos socorros do meu ministério, nem sou eu o padre mais próprio para ouvi-la de confissão. Adeus, senhora!... não devo voltar mais à sua casa...

— Ah! por piedade!... não deixes de voltar, meu padre, volta, se não queres que eu morra impenitente e desesperada... que perigo há em ouvir de confissão uma pobre moribunda?

— Mas achas-te melhor, Margarida; poderás esperar o vigário.

— Não quero-me confessar com nenhum outro... já agora hei de cumprir o juramento, que fiz quando menina... se o não cumprir creio que a minha alma não se salvará... acho-me muito mal... esta melhora é passageira, a cada momento posso expirar. Mas eu me esforçarei em reter o alento da vida, se me prometeres voltar amanhã...

O padre ficou por um momento pensativo.

— Pois bem, Margarida, voltarei - disse, afinal, e com um movimento rápido e brusco, alongando a mão que tinha pousado sobre o ombro da moça, a estreitou no coração.