Página:O seminarista (1875).djvu/44

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Enquanto seus companheiros brincavam, corriam, saltavam, balouçando-se em gangorras ou trepando pelas árvores, Eugênio se isolava, e sentado no paredão olhava para os outeiros e espigões que se desdobravam diante de seus olhos.

Se via um grupo de mulheres passeando ao longo das colinas verdes, e entre elas alguma menina, seu coração suspirava. Margarida! murmurava ele, e aquele nome tão doce, que lhe escapava como um soluço do fundo do coração, ia morrer nas asas da brisa perfumada, abafado pela algazarra de seus alegres companheiros. Era um arrulho de juritis perdido no meio da atroadora garrulice dos melros.

Outras vezes ficava olhando para o ocidente. Era desse lado que ficava a sua terra natal. Por largo tempo ficava com os olhos pregados nas nuvens brilhantes, que como franjas de ouro pairavam sobre os cumes das últimas colinas, e lá iam boiando a atufar-se no vapor esbraseado do ocidente. Ele se transportava em espírito para o seio daquelas nuvens de ouro, donde pensava poder-se enxergar as colinas e vargedos da fazenda paterna, e dali conversava com a saudosa companheira de sua infância. Tinha inveja da andorinha