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Página:O seminarista (1875).djvu/91

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lhes as formas, os envolve como em um véu místico de saudade e melancolia. O ar estava tão transparente, o céu era de um azul tão puro e límpido, que permitiam ver distintamente em toda a sua nitidez as formas e ondulações das últimas colinas nos mais remotos longes. O sol cintilava sobre o tapete orvalhado dos espigões, e a fresca aragem da manhã sacudia da coma dos arvoredos as lágrimas da noite.

À medida que se ia aproximando da casa de Umbelina, à vista daqueles sítios, onde não havia uma árvore, uma restinga, que o não tivesse abrigado à sua sombra, uma vereda do bosque

que não tivesse recebido o vestígio de seus passos, uma fonte ou arroio que não lhe tivesse lambido os pés ou umedecido os lábios sequiosos, ia-se cada vez mais exaltando na imaginação de Eugênio a viva e profunda impressão que na véspera nele deixara a presença de Margarida. Era a encantadora e pitoresca moldura que circundava a imagem de um anjo.

Aquela alva casinha atufada entre as ramagens da grande figueira silvestre, aquele vargedo coberto de fresca e macia grama, a ponte, a tranqueira, as paineiras vizinhas, o caminho da vila, que lá ia serpeando entre os capões e