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o sertanejo

melhor do que as praças e ruas com seus letreiros e numeros.

     Arnaldo estivera ausente daquelles sitios algum tempo. Ao passar por elles observava sua phisionomia, tão intelligente e franca para elle, sinão mais do que a face do homem ; e lia nesse diario aberto da natureza a chronica da floresta. Uma folha, um rasto, um galho partido, um desvio da ramagem, eram á seus olhos vaqueanos os capitulos de uma historia, ou as ephemerides do deserto.

     A observação do sertanejo foi interrompida por vago rumor que, apeszar de remoto, não lhe escapou. Conhecida a causa, deixou-se ficar onde estava.

     Com pouco ouviu-se um vozear de pratica animada, e cinco homens, trajados como usava a gente do povo n'aquelle tempo, de braga, vestia e gibão, surdiram do mato. Estavam armados com um arcabuz ao hombro e uma parnahiba á bandoleira.

     O da frente era Manuel Abreu, feitor da Oiticica ; os outros, serviçais da fazenda.

     — Oh ! cá está quem sabe do diabo do velho ! exclamou o feitor, dirigindo-se á Arnaldo. Bem apparecido !