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o sertanejo

     — Lá está meu pai, que nos espera.

     — Chegando diante delle, filho, ajoelha e pede perdão.

     — De joelhos ?... exclamou com voz surda e profunda o sertanejo, cuja alma entorpecida afinal sublevava-se.

     Flor comprehendeu a emoção de Arnaldo e quis aplacar-lhe a revolta dos brios.

     — Eu ajoelharei tambem ; disse ella com adoravel meiguice.

     Estas palavras, porém, bem longe de serenarem o ânimo do mancebo, ainda mais o alvoroçaram, confirmando a suspeita de que só com este ato de humildade obteria entrar de novo nas bôas graças do capitão-mór.

     — Nunca ! bradou elle, retrocedendo.

     — Arnaldo ! disse D. Flor.

     — Eu lhe peço, Flor, não exija de mim semelhante vergonha. Não posso, é mais forte do que a minha vontade. Si é preciso que eu ajoelhe, aqui estou a seus pés, mas aos pés de um homem, não. Morto que eu estivesse, as minhas curvas não se dobrariam.

     — Não é um homem, Arnaldo, é meu pai ;