Página:O sertanejo (Volume II).djvu/245

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engastavam-se apenas em um molho de rendas; a saia, bordada de crivo, descia-lhe até as curvas deixando nua a extremidade de uma perna bem torneada, e o pé largara a chinela para pisar mais sutil.

Notando o olhar do mancebo que devorava os seus encantos, Águeda fez um movimento de espanto, como caindo em si, e lançou mão de uma mantilha de sêda, na qual embuçou-se com gesto vergonhoso. Depois foi sentar-se no estrado e disse erguendo timidamente os olhos para Arnaldo, em pé diante dela:

— Sente-se, aquí, perto de mim. O que vou contar-lhe é um segrêdo de que depende a minha sorte. Jura guardá-lo, Arnaldo?

— Se desconfia de mim, para que arrisca o seu segrêdo?

— Não; não desconfio, nem é preciso que jure. Sei que é generoso, Arnaldo; e não há de querer o mal de uma pobre mulher, que só tem uma culpa, a de não vencer o seu coração.

Águeda repetiu então a fábula que inventara para explicar sua vinda à Oiticica; mas desta vez inserindo-lhe particularidades do caso, acompanhadas de exclamações e lamentos, em que a arteira