Página:O sertanejo (Volume II).djvu/250

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ouviu as pulsações violentas dêsse coração indômito, que parecia estalar antes do que render-se.

A moça ergueu a fronte e mostrou o formoso rosto banhado de lágrimas e sorrisos.

— Não se lembra de mim, Arnaldo?... Nem sequer me viu, embora tivesse os olhos postos em mim, disse com um suspiro.

— Onde? perguntou o mancebo surpreso.

— No Icó. Quando esteve lá há dois anos. Eu o vi, Arnaldo, e desde êsse momento sentí que não era mais senhora de mim. Infeliz sina a das mulheres! Os homens ainda quando não são queridos, têm o consôlo de seguir aquela a quem amam. Nós, porém, se roubam-nos o coração, não podemos ir após êle. Casaram-me à fôrça!

A emoção embargou a voz de Águeda, que depois de breve pausa continuou:

— A sorte me trouxe à Oiticica, onde havia de encontrá-lo, Arnaldo, para amparar-me contra o meu perseguidor.

— Não receie, que a defenderei.

— Ao seu lado nada receio, Arnaldo. Desde muito que eu lhe pertenço. Quer uma prova? Exija!