Página:O sertanejo (Volume II).djvu/334

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moribundo nos braços e o levaram ao sacerdote, que ficou perplexo.

— Êle não pode esperar, disse D. Flor erguendo-se.

O capelão suspendeu a celebração do casamento; e tomando os santos óleos administrou a extrema-unção ao morimbundo.

— Está acabado, padre Teles? bradou o capitão-mór, voltando-se para o altar.

O sacerdote levantou de novo a ponta da estola, e travou da mão de Leandro Barbalho primeiro; depois recebeu a de Flor; mas não chegou a uní-las ambas, porque nesse momento a do noivo fugiu-lhe.

Soara rápido sibilo; uma seta fina e breve, cortando os ares, picara a artéria cervical do sobrinho do capitão-mór. O mancebo ainda ergueu a mão esquerda, supondo-se mordido por uma abelha; mas não a levou ao pescoço. Caíu fulminado.

No meio do esturpor causado por esta morte, ninguém tinha notado o salto de Arnaldo, que em um arremêsso feroz sacara a faca da bainha, e correu sôbre o altar. Ao baque do corpo, êle estacara; mas ainda com o golpe alçado.