SONETO
Desponta a estrella d’alva, a noite morre.
Pulam no mato aligeros cantores,
E dôce a brisa no arraial das flôres
Languidas queixas murmurando corre.
Voluvel tribo a solidão percorre
Das borboletas de brilhantes côres;
Soluça o arroio; diz a rôla amores
Nas verdes balsas d’onde o orvalho escorre.
Tudo é luz e esplendor; tudo se esfuma
Ás caricias d’aurora, ao céo risonho,
Ao floreo bafo que o sertão perfuma!
Porém minh’alma triste e sem um sonho
Repete olhando o prado, o rio, a espuma:
— Oh! mundo encantador, tu és medonho!