Grande ha-de ser o drama, a acção gigante,
Magestosa a lição! Luzes e trevas
Luctarão sobre os orbes!
O abysmo soltará seus tredos roncos,
E o fremito dos mares agitados
Se unirá aos das turbas.
Os reis convulsarão nos thronos frageis,
Buscando embalde sustentar nas frontes
As huidas corôas...
Debalde!... o vendaval na furia insana
Os levará com ellas, envolvidos
N’um turbilhão de pó!
Vis, abatidos, o fidalgo e o rico
Sahirão de seus paços vacillantes
Nos podres alicerces...
E errantes sobre a terra irão chorando,
Mendigar um farrapo ao vagabundo,
E um pedaço de pão!
Estranho povo surgirá da sombra
Terrível e feroz cobrindo os campos
De cruentos horrores!
O palacio e a prisão irão por terra,
E um segundo diluvio, então de sangue,
O mundo lavará!
O sabio em seu retiro, estupefacto,
Verá tombar a imagem da sciencia,
Fria estatua de argilla,
E um pallido clarão dirá que é perto
O astro divinal que ás turbas miseras
Conduz a redempção!
Página:Obras completas de Fagundes Varela (1920), I.djvu/146
Aspeto
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