Antes de erguer-se de seu leito de ouro,
O rei dos astros o Oriente inunda
De sublime clarão;
Antes de as azas desprender no espaço,
A tempestade agita-se e fustiga
O turbilhão dos euros.
As torrentes de idéas que se cruzam,
O pensamento eterno que se move
No levante da vida,
São auras santas, arrebóes esplendidos,
Que precedem á vinda triumphante
De um sol immorredouro.
O murmurar profundo, enrouquecido,
Que do seio dos povos se levanta,
Annuncia a tormenta;
Essa tormenta salutar e grande
Que o manto roçará, prenhe de fogo,
Na face das nações.
Preparai-vos, ó turbas! Preparai-vos,
Rebatei vossos ferros e cadêas,
Algozes e tyrannos!
A hora se approxima pouco a pouco,
E o dedo do Senhor já volve a folha
Do livro do destino!