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Página:Obras completas de Fagundes Varela (1920), I.djvu/211

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(CANÇÃO)

Minha casa é deserta; na frente
Brotam plantas bravias do chão,
Nas paredes limosas — o cardo —
Ergue a fronte silente ao tufão.

Minha casa é deserta. O que é feito
Desses templos benditos d'outrora,
Quando em torno cresciam roseiras,
Onde as auras brincavam n'aurora?

Hoje a tribo das aves errantes
Dos telhados se acampa no vão,
A lagarta percorre as muralhas,
Canta o grilo pousado ao fogão.

Das janelas no canto, as aranhas
Leves tremem nos fios dourados,
As avencas pululam viçosas
Na umidade dos muros gretados.

Tudo é tredo, meus Deus! o que é feito
Dessas eras de paz que lá vão,
Quando junto do fogo eu ouvia
As legendas sem fim do serão?