Como o sol faltar soe á redondeza.
Se houverdes qu'he fraqueza
Morrer em tão penoso e triste estado,
Amor será culpado,
Ou vós, ond'elle vive tão isento,
Que causastes tão largo apartamento,
Porque perdesse a vida co'o cuidado.
Que se viver não posso,
Homem formado só de carne e osso,
Esta vida que perco, Amor ma deo;
Que não sou meu: se morro, o damno he vosso.
Canção de cysne, feita em hora extrema,
Na dura pedra fria
Da memoria te deixo em companhia
Do letreiro da minha sepultura;
Que a sombra escura ja m'impede o dia.
Vão as serenas ágoas
Do Mondego descendo,
E mansamente até o mar não parão;
Por onde as minhas mágoas
Pouco a pouco crescendo,
Para nunca acabar se começárão.
Alli se me mostrárão
Neste lugar ameno,
Em qu'inda agora mouro,