Na agonia de um beijo, ouvir gemendo
Entre meus sonhos tua voz divina!
Ó Paganini! quando moribundo
Inda a rabeca ao peito comprimias,
Se o hálito de Deus, essa alma d'anjo
Que das fibras do peito cavernoso
Arquejava nas cordas entornando
Murmúrios d'esperança e de ventura,
Se a alma de teu viver roçou passando
Nalgum lábio sedento de poesia,
Numa alma de mulher adormecida,
Se algum seio tremeu ao concebê-lo...
Esse alento de vida e de futuro
— Foi o teu seio, Malibran divina!
Ah! se nunca te ouvi, se teus suspiros,
Desdêmona sentida e moribunda,
Nunca pude beber no teu exílio...
Nos sonhos virginais senti ao menos
Tua pálida sombra vaporosa
Nesta fronte que a febre encandecera
Depor um beijo, suspirar passando!
Meu Deus! e, outrora, se um momento a vida
De poesia orvalhou meus pobres sonhos,
Foi nuns suspiros de mulher saudosa,
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