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Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v2.djvu/159

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revivido por Corneille e acordado de seu segundo sono pela imaginação espanhola de V. Hugo. De ordinário muito florilégio, muito lavrados os trasflores, muito esmalte, as expressões vazadas no crisol, os sons filtrados pela doçaina de um sentimentalismo às vezes falso: mas quanto ao fundo... Levantai a púrpura dos discursos de Cícero, disse-o Lamartine no Rafael, sentireis ainda as lágrimas romanas no seu cibório lacrimário; levantai essa nuvem de rosas, que vêdes aí?...

É uma cousa que, no meu muito humilde juízo de mesquinho leitor, eu lamento muito a essa escola em cujo frontal douraram o nome de Shakespeare, como um símbolo de independência, a esses mancebos que não quiseram ser clássicos com Eurípides e Sófocles para sê-lo com Hugo e Dumas. A sua sentença está no mestre da escola: - a imitação mata o gênio, a cópia destrói o lampejo da originalidade, seja de um clássico, seja de um romântico. Os chefes de sistemas literários são mais por admirar e estudar que por copiar. Goethe lamentava-se dos seus imitadores, criticava acerbo o sentimentalismo falso que seu Werther fizera brotar nos romances e o desregrado do drama que seu desordenado, mas belo Goetz de Berlichingen fizera bem-querer. Chateaubriand queixava-se do bronco de expressão, do exagerado de idéias, que sua reação romântica acordara nas escolas do belo horrível, que excederam todo o medonho da ronda de horrores e lascívias de Lewis e das mortualhas dramáticas de Mathurin. É que os discípulos, na fascinação da apoteose que