Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v2.djvu/160

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erguem ao gênio, no tresladar, no arremedo de suas belezas, imitam-lhe também e mais que o resto, defeitos, porque foi no embelezá-los, em escondê-los sob flores, que os mestres envidaram suas forças.

Na escola dramática portuguesa só há daquela seita Shakespeariana que se fechou em James Shirley e Joana Baillie o nome do filho do carniceiro de Stratford. Às vezes no desregrado dessa brilhante plêiade encontram-se defeitos, mas nunca, nunca as belezas que assombram no bretão. Perdoem-nos os fanáticos do seiscentismo do Sr. Mendes Leal, do lirismo de D. Sisnando, desse Sr. Freire de Serpa que, moço, quis seguir o V. Hugo das Baladas (a quem rastejara nos Salous, onde trovara suas cismas mais belas, ao tom das Vozes Íntimas e dos Cantos do Crepúsculo e que o Sr. Lopes de Mendonça só pudera chamar lamartiano pela monótona beleza da infanção das trovas) no sôlho dúbio do palco, onde tão mau êxito houve; da pobreza de execução do Fronteiro D'África desse, certo, dos maiores poetas contemporâneos do Sul da Europa, o Sr. Alexandre Herculano; da afetação em geral de toda essa mocidade que desgarrou-se da simpleza de dizer do Sr. Almeida Garret e foi-se à cena falar às turbas uma língua que não era a dela, a língua bela sim, mas morta, do quinhentismo; e, como Chatterton, sacrificou porventura o cintilar das idéias pela hirteza de um falar elaborado; e, em lugar de inspirações de poesia, preferiu