Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v2.djvu/266

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romeiras, que o revérbero de lua branca nas nuvens do Oriente, e o apagar das estrelas não crespusculava o dia, e crer na vida em si e numa mulher com as mãos de uma pálida amante sobre o coração!

Penseroso: Por ela fui pedir à solidão os murmúrios, fui abrir meu coração aos hálitos moribundos do crepúsculo, ajoelhei-me junto das cruzes da montanha, e no sussurro das aves que adormeciam, no cintilar das primeiras estrelas da noite, na gaza transparente e purpurina que desdobrava seu véu luminoso por entre as sombras do vale, em toda essa natureza bela que dormia fui escutar as vozes intimas do amor, e meu vozes intimas do amor, e meu peito acordou-se cantando e sonhando com ela!

Macário: Tenho pena de ti. Mas consola-te. Que valem as lágrimas insensatas? Todas elas são assim. Eu também chorei, mas como as gotas que porejam da abóbada escura das cavernas, essas lágrimas ardentes deixaram uma crosta de pedra no meu coração. não chores. Vem antes comigo. Geórgio dá hoje uma ceia: uma orgia esplêndida como num romance. Teremos os vinhos da Espanha, as pálidas volutuosas da Itália, e as Americanas morenas, cujos beijos têm o perfume vertiginoso das magnólias e o ardor do sangue meridional. não há melhor túmulo para a dor que uma taça cheia de vinho ou uns olhos negros cheios de languidez.

Penseroso: não -