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Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v2.djvu/277

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que jogou sua vida como um perdulário, que eivou-se numa dor secreta, que sentiu cuspirem-lhe nas faces sublimes esses que riam como Demócrito, duvidem como Pyrrhon, ou durmam indiferentes no seu escárnio como Diógenes o cínico no seu tonel. A esses leva uma torrente profunda: revolvem-se na treva da descrença como Satan no infinito da perdição e do desespero! Mas nós, mas tu e eu que somos moços, que sentimos o futuro nas aspirações ardentes do peito, que temos a fé na cabeça e a poesia nos lábios, a nós o amor e a esperança: a nós O lago prateado da existência. Embalemo-nos nas suas águas azuis-sonhemos, cantemos e creiamos? Se o poeta da perdição dos anjos nos conta o crime da criatura divina liba-nos da despedida do Éden o beijo de amor que fez dos dois filhos da terra uma criatura, uma alma cheia de futuro. Se na primeira página da história da passagem do homem sobre a terra há o cadáver de Abel, e o ferrete de Caim o anátema-naquelas tradições ressoa o beijo de mãe de Eva pálida sobre os lábios de seu filho!

Macário: Ilusões! O amor-a poesia-a glória.- Ilusões! Não te ris tu comigo da glória.-Ilusões! Não te ris tu comigo da glória, como eu rio dela? A glória! entre essa plebe corrupta e vil que só aplaude o manto do Tartufo e apedreja as estátuas mais santas do passado! Glória! Nunca te lembras do Dante, de Byron, de Chatterton o suicida? E Verner poeta, sublime e febril também, morto de ceticismo