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Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v2.djvu/309

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filho, ou aquele Mouro infeliz junto a sua Desdêmona pálida!

Pois bem, vou contar-vos uma história que começa pela lembrança desta mulher.

Havia em Cádiz uma donzela ― linda daquele moreno das Andaluzas que não ha vê-las sob as franjas da mantilha acetinada, com as plantas mimosas, as mãos de alabastro, os olhos que brilham e os lábios de rosa d'Alexandria — sem delirar sonhos delas por longas noites ardentes!

Andaluzas! Sois muito belas! Se o vinho, se as noites de vossa terra, o luar de vossas noites, vossas flores, vossos perfumes são doces, são puros, são embriagadores ― vos ainda o sois mais! Oh! Por esse eivar a eito de gozos de uma existência fogosa nunca pude esquecer-vos!

Senhores! Aí temos vinho de Espanha, enchei os copos ― à saúde das Espanholas!

Amei muito essa moça, chamava-se Ângela. Quando eu estava decidido a casar-me com ela, quando após das longas noites perdidas ao relento a espreitar-lhe da sombra um aceno, um adeus, uma flor ― quando após tanto desejo e tanta esperança eu sorvi-lhe o primeiro beijo ― tive de partir da Espanha para Dinamarca onde me chamava meu pai.

Foi uma noite de soluços e lágrimas, de choros e de esperanças, de beijos e promessas, de amor, de voluptuosidade no presente e de sonhos no futuro... Parti. Dois anos