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Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v2.djvu/317

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os seios intumescidos de suspiro — aquela mulher me enlouquecia as noites. Era como uma vida nova que nascia cheia de desejos, quando eu cria que todos eles eram mortos como crianças afogadas em sangue ao nascer.

Amei-a: por que dizer-vos mais? Ela amou-me também. Uma vez a luz ia límpida é serena sobre as águas — as nuvens eram brancas como um véu recamado de pérolas da noite — o vento cantava nas cordas. Bebi-lhe na pureza desse luar, ao fresco dessa noite, mil beijos nas faces molhadas de lágrimas, como se bebe o orvalho de um lírio cheio. Aquele seio palpitante, o contorno acetinado, apertei-os sobre mim.

O comandante dormia.

Uma vez ao madrugar o gajeiro assinalou um navio. Meia hora depois desconfiou que era um pirata...

Chegávamos cada vez mais perto. Um tiro de pólvora seca da corveta reclamou a bandeira. Não responderam. Deu-se segundo — nada. Então um tiro de bala foi cair nas águas do barco desconhecido como uma luva de duelo. O barco que ate então tinha seguido rumo oposto ao nosso é vinha proa contra nossa proa virou de bordo é apresentou-nos seu flanco enfumaçado: um relâmpago correu nas baterias do pirata — um estrondo seguiu-se — é uma nuvem de balas veio morrer perto da corveta.

Ela não dormia, virou de bordo: os navios ficaram