dourei-o aos raios de minha face. Fiz-te rei da terra! banha a fronte olímpica nessas brisas, nesse orvalho, na escuma dessas cataratas. Sonha como a noite, canta como os anjos, dorme entre as flores! Olha! entre as folhas floridas do vale dorme uma criatura branca como o véu das minhas virgens, loira como o reflexo das minhas nuvens, harmoniosa como as aragens do céu nos arvoredos da terra. — É tua: acorda-a: ama-a, é ela te amará; no seio dela, nas ondas daquele cabelo, afoga-te como o sol entre vapores. — Rei no peito dela, rei na terra, vive de amor e crença, de poesia e de beleza, levanta-te, vai, e serás feliz!
Tudo isso é belo, sim — mas é a ironia mais amarga, a decepção mais árida de todas as ironias e de sodas as decepções. Tudo isso se apaga diante de dois fatos muito prosaicos — a fome e a sede.
O gênio, a águia altiva que se perde nas nuvens, que se aquenta no eflúvio da luz mais ardente do sol — cair assim com as asas torpes e verminosas no lodo das charnecas? Poeta! porque no meio do arroubo mais sublime do espírito, uma voz sarcástica e mefistofélica te brada — meu Faust, ilusões! a realidade e a matéria: Deus escreveu Aváyxn na fronte de sua criatura! — Don Juan! porque chores a esse beijo morno de Haidea que desmaia-te nos braços?? a prostituta vender-t'os-á amanhã mais queimadores!. Miséria!! E dizer que tudo o que há de mais divino no homem, de mais santo e perfumado na alma se infunde no lodo da realidade, se revolve