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Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v2.djvu/331

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Muitas noites foi assim.

Uma manhã — eu dormia ainda — o mestre saíra e Nauza fora a igreja — quando Laura entrou no meu quarto e fechou a porta: deitou-se a meu lado. Acordei — nos braços dela.

O fogo de meus dezoito anos, a primavera virginal de uma beleza, ainda inocente, o seio seminu de uma donzela a bater sobre 0 meu: isso tudo ao despertar dos sonhos alvos da madrugada, me enlouqueceu...

Todas as manhas Laura vinha a meu quarto...

Três meses passaram assim. Um dia entrou ela no meu quarto e disse-me:

— Gennaro, estou desonrada para sempre... A principio eu quis-me iludir — já não o posso — estou de esperanças...

Um raio que me caísse aos pés me assustaria tanto.

— E preciso que cases comigo — pai, ouves, Gennaro?

Eu calei-me.

— Não me amas então?

Calei-me ainda.

— Oh! Gennaro, Gennaro!

E caiu no meu ombro desfeita em soluços. Carreguei-a assim fria e fora de si para seu quarto.

Nunca mais tornou a falar-me em casamento.

Que havia de eu fazer? contar tudo ao pai e pedi-la em casamento? Fora uma loucura... Ele me mataria e a ela: