Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v3.djvu/12

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primeiro descerrar dos olhos — invejada das nações mais cultas da velha e vaidosa Europa.

Álvares de Azevedo!

E no entanto morreu tão moço, tão moço, quando risonha lhe despontava a manhã, quando sentia á fronte escaldar-lhe o fogo santo do gênio, quando tinha no vasto crânio em ebulição um milhão de idéias a criar e desenvolver ainda! Morreu tão moço! flor da primavera crestou-a o simoun do destino, que emurcheceu-lhe as pétalas cor de ouro, e sem viço e sem seiva tombou á beira do regato, que arrastou-a em sua correnteza.

E quão vasta que era aquela fronte, e quão fecunda que era aquela imaginação! Fadara-o Deus para destinos bem altos; mas, meteoro brilhante, cortou por um momento as nuvens e esvaeceu-se no nada da morte, no silêncio da lousa. E hoje pranteia-o uma família, que vive de sua gloria; e hoje chora-o seu pai, seu pobre pai, de que era o orgulho bem legitimo; e hoje choram-no as letras de nossa terra, a que tanto e tão vivo impulso em tão pouco tempo dera. Fado é das letras entre nós! Junqueira Freire morreu ao despontar-lhe a primavera da existência Álvares de Azevedo, também, como ele, foi arrastado no torvelinho da morte que lhe cortou os vôos.