como devem. O Sardanapalo de Byron, traduzido por uma pena talentosa, foi julgado impossível de levarse à cena. No caso do Sardanapalo estão os dramas de Shakespeare que, modificados por uma inteligência fecunda deveriam produzir muito efeito. Se o povo sabe o que é o Hamlet, Otelo, deve-se ao reflexo gelado de Ducis. Contudo, seria fácil apresentar-se no Teatro de S. Pedro alguma coisa de melhor do que isso. Com o simples trabalho da tradução se poderiam popularizar os trabalhos de Émile Deschamps, Auguste Barbier, Léon de Wailly e Alfredo de Vigny que traduziram Romeu e Julieta, Macbeth, Júlio César, Hamlet e Otelo.
Quando o teatro se faz uma espécie de taverna de vendilhão, vá que se especule com a ignorância do povo. Mas quando a Companhia do teatro está debaixo de inspeção imediata do Governo, deverá continuar esse sistema verdadeiramente imundo?
Não: o teatro não deve ser escola de depravação e de mau gosto. O teatro tem um fim moralizador literário: é um verdadeiro apostolado do belo. Daí devem sair as inspirações para as massas. Não basta que o drama sanguinolento seja capaz de fazer agitarem-se as fibras em peitos de homens-cadáveres. Não basta isto: é necessário que o sonho do poeta deixe impressões ao coração, e agite na alma sentimentos de homens.