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Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v3.djvu/161

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Para isso é preciso gosto na escola dos espetáculos, na escolha dos atores, nos ensaios, nas decorações. É desse todo de figuras grupadas com arte, do efeito das cenas, que depende o interesse. Talma o sabia. João Caetano, por uma verdadeira adivinhação de gênio, lembrase disto.

Além, essas composições sem alma, que servem apenas para amesquinhar a platéia, esses quadros de terror e de abuso de mortualha que servem apenas para atufar de tédio o coração do homem que sente, mas que pensa, e reflete no que sente e no que pensa.

Mas o que é uma desgraça, o que é a miséria das misérias é o abandono em que está entre nós e a comédia.

Entre nós parece que acabaram os belos tempos da comédia. Verdadeiros blasés, parece que só amamos as impressões fortes: que preferimos estremecer, chorar, do que rir daquelas boas risadas de outrora.

Em lugar da musa de Menandro e Terêncio, temos hoje uma musa asquerosa que aparece nas tábuas do palco à meia-noite, como uma bruxa que revolve-se imunda com a boca cheia de chufas obscenas, em chão de lodo: hedionda criatura, bastarda da boa filha de Molière, adiante da qual o pudor, digo mal, até o impudor tem de corar.

O estrangeiro que assiste àquelas saturnais vergonhosas da cena crê assistir a um sabath de feiticeiras: e