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Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/199

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Se pois de Aurora o caso vos incita
À compaixão, se em vosso peito habita
O antigo amor, fazei que a liberdade
Se dê a quem desperta esta saudade;
Esse vizinho povo ao fogo, ao ferro
Abatei, destruí: pague o seu erro;
E alegre eu veja em vossa companhia
A vossa Aurora, que ao meu lado via.
Absorto está Garcia; do que escuta,
Apenas deixa ver a face enxuta;
De Aurora o caso o tem sobressaltado,
Quer para logo dar a seu cuidado
O desafogo da cruel vingança;
Mas bem que o lisonjeie inda a esperança
De ver a bela Indiana, a incerta sorte
Lha pinta, antes que viva, entregue à morte.
Baixel, que sobre o Egeu de mil procelas
Combatido se viu, rotas as velas,
Não soçobra talvez mais duvidoso
Ao grave Noto, ao Euro tormentoso.
Farei... clamava; e eis que interrompido
Foi de um aviso, com que o Herói erguido
Chama a Conselho os companheiros todos.
Se combatidos por diversos modos,
Diz Albuquerque, de trabalhos tantos,
Entre estas penhas só despertam prantos
As memórias da morte de Rodrigo,
Deixemos este assento; o sonho antigo
Tenho de descobrir-vos, com que a idéia
Igualmente me aflige e me recreia.
Lembrados estareis que há mais de um ano
Vos fiz saber que o nosso Soberano,