Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/200

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Que dos quatro Joões o nome e glória
Herdou para triunfo da memória,
Vendo ao Norte da terra povoada,
Que atrás deixamos na primeira entrada,
Que fazem vossos Pais, achar-se o ouro
À custa me ordenou do seu Tesouro,
Que entrasse ao centro dos Sertões, buscasse
As novas minas, e que examinasse
As margens, onde em vão tomaram porto
Fernando, Artur e Dom Rodrigo, o morto.
Cheio deste projeto eu vejo um dia
Que um rochedo fatal, a quem a fria
Neve branqueja a descalvada testa,
Com medonha carranca me protesta
Não passe a descobrir o seu segredo;
Avizinho-me a ele e rompo o medo:
Quem és, pergunto, que ignorado encanto
Se esconde em ti? Ele me torna entanto:

"Eu sou dos filhos que abortara a Terra,
E fiz com meus Irmãos aos Deuses guerra
(Tu, negro Adamastor, hoje em memória
Me obrigas a trazer a tua história).
Meu caso um dia o Fado te destina
Que escutes inda pela voz de Eulina,
No centro vivo dos Sertões, que apenas
Tocam das aves as ligeiras penas;
De feios monstros grande cópia habita
Meu triste seio; ali se deposita
Tudo quanto de grande, novo e raro
O Cetro Lusitano fará claro.
Ali... mas tudo aos olhos patenteio."
Disse, e deixando ver o escuro seio,
De uma pequena lágrima, que a penha