Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/205

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Da pólvora e do chumbo e os cometidos
À minha guarda prontos instrumentos
Do ferro e do aço: oponho a seus intentos
A razão que me assiste; e enfim me escuso,
Dizendo que das ordens não abuso
Do meu fiel Parente, a quem espero
A cada instante, e perto considero
De entrar comigo a registar as faldas
Das montanhas e minas de esmeraldas.

Mal satisfeito da resposta volta
O importuno ministro, e já se solta
Contra mim declarada toda a fúria
Dos vis aduladores: por injúria
Reputam toda aquela resistência,
E protestam que aos braços da violência
Há de ceder a repugnância minha.
Um e outro se oferece, mas detinha
Ao prudente Fidalgo o árduo projeto
Da brandura e da paz; o nobre objeto
Do serviço do Rei a mim o guia;
Em pessoa aparece, e me seria
Muito fácil ceder, se não houvesse
Mais forte obrigação, que [me] prendesse.
Uma e mil vezes represento o empenho,
Que a duvidar me induz e me detenho
Irresoluto um pouco (nem atino
Se obrava nisto a força do destino!);
Constante era a razão, pois esperando
As Reais Ordens para a empresa, quando
Fernão Dias voltasse, não teria
Os provimentos que deixado havia.
Enfim ele de cólera se acende,
Nem às minhas desculpas mais atende;
Enfurece-se, grita e ameaça: