Corre armado o furor de um braço forte?
Desconheceis acaso que outra sorte,
Outra fortuna vos espera, vindo
Tão próximo Albuquerque, a quem seguindo
Vem o infame tumulto dos Paulistas,
Que aspiram senhorear estas conquistas?
Já vos não lembra o meditado empenho
De evitar as justiças, e o despenho
Patrocinar dos novos atentados
No refúgio aos países retirados
Que domina o Espanhol? Tanto afortuna
Abandonais na máxima oportuna
De nos enchermos dos preciosos frutos
Que guarda a Terra, e dos Reais Tributos
Fugir à imposição? Credes que venha
A outra cousa, e outro projeto tenha
Mais que roubar-nos as fazendas nossas,
Ganhadas a tal preço, que inda as grossas
Correntes desses rios se estão vendo
Turvas de sangue? O ímpeto tremendo
Não trazeis em memória dos tiranos,
Que fundados no timbre de paisanos,
Mais escravos que amigos nos queriam?
Não vos lembra os insultos que faziam?
Não vos lembra quem foi, quem é Pedroso?
Ignorais que no cerco duvidoso
Perto estivemos de perder as vidas,
Se por meio de Antunes conseguidas
Não fossem por então nossas idéias?
Ignorais que as montanhas estão cheias
Destes perturbadores, desde quando,
Arbitrária e fantástica ordem dando
Em o nome do Rei, os compelimos
A largar-nos as armas com que os vimos?
Se do auxílio do Grande se aproveitam,
Se a sua fé, se o seu favor aceitam
(
Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/217
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