As safiras azuis produz a Serra
Do Itambé; tem rubis aquela terra,
Aonde em breves fontes a Juruoca
Vê o Rio nascer, que as águas toca
Do grosso Paraguai; o Rio Verde
Daqui nasce também, que o nome perde,
Entrando pelo Grande; estes unidos
Vão formar com mais outros os crescidos
E agigantados passos, que desata
Pela raia da Espanha o Rio da Prata.
Das esmeraldas ao precioso Erário,
Talvez que não permita o Céu contrário
Que outro mais que teu Pai registre as Minas.
Encobertas serão as pedras finas
Por uma longa idade, e fatigadas
Serão debalde as serras levantadas
Do escuro Caeté, onde se abriga
O Botecudo infiel, gente inimiga,
Gente fera e cruel, que o sangue bebe
Humano, e encarniçado não concebe
Zelo algum pela própria Natureza.
Todos estes tesouros e a grandeza
De todas estas pedras determino,
Que por mão de um benévolo destino
Vão buscar inda a Lusa Monarquia.
Desde o seio da terra a ver o dia
O mármore virá, que aos Céus levante
Edifícios soberbos; a elegante
Mão do artífice, a Vila edificada,
Fará que sobre as outras respeitada
De Rica tenha o nome, derivado
Dos tesouros o epíteto prezado.
Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/248
Aspeto