— Ainda é muito cedo, Brown, hoje é festa, não me vou deitar!
Então Affonso da Maia, que se não movera aos uivos lacinantes do Silveirinha, disse de dentro, da mesa do voltarete, com severidade:
— Carlos, tenha a bondade de marchar já para a cama.
— Oh vôvô, é festa, que está cá o Villaça!
Affonso da Maia pousou as cartas, atravessou a sala sem uma palavra, agarrou o rapaz pelo braço, e arrastou-o pelo corredor — em quanto elle, de calcanhares fincados no soalho, resistia, protestando com desespero:
— É festa, vôvô... É uma maldade!... O Villaça póde-se escandalisar... Oh vôvô, eu não tenho somno!
Uma porta fechando-se abafou-lhe o clamor. As senhoras censuraram logo aquella rigidez: ahi estava uma cousa incomprehensivel; o avô deixava-lhe fazer todos os horrores, e recusava-lhe então o bocadinho da soirée...
— Oh sr. Affonso da Maia, por que não deixou estar a creança?
— É necessario methodo, é necessario methodo, balbuciou elle, entrando, todo pallido do seu rigor.
E á mesa do voltarete, apanhando as cartas com as mãos tremulas, repetia ainda:
— É necessario methodo. Creanças á noite dormem.
D. Anna Silveira voltando-se para o Villaça — que cedera o seu lugar ao dr. delegado e vinha palestrar com as senhoras — teve aquelle sorriso mudo