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Página:Os Maias - Volume 1.djvu/117

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OS MAIAS
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sabe em Lisboa. Foi um detalhe que passou desapercebido no grande escandalo. Mas emquanto a mim, a pequena morreu. Senão, siga V. Ex.ª o meu raciocinio... Se a menina fosse viva, a mãe podia reclamar a legitima que cabe á creança... Ella sabe a casa que V. Ex.ª tem; ha de haver dias, e são frequentes na vida d’essas mulheres, em que lhe falte uma libra... Com o pretexto da educação da menina, ou de alimentos, já nos tinha importunado... Escrupulos não tem ella. Se o não faz é que a filha morreu. Não lhe parece a V. Ex.ª?

— ­Talvez, disse Affonso.

E accrescentou, parando deante de Villaça — ­que olhava outra vez a braza morta tirando estalinhos dos dedos:

— ­Talvez... Sopônhamos que morreram ambas, e não se falle mais n’isso.

Estava dando meia noite, os dois homens recolheram-se. E durante os dias que Villaça passou em S.ta Olavia não se proferiu mais o nome de Maria Monforte.

Mas, na vespera da partida do administrador para Lisboa, Affonso subio ao quarto d’elle, a entregar-lha as amendoas da Paschoa que Carlos mandava a Villaça Junior, um alfinete de peito com uma magnifica saphira — ­e disse-lhe em quanto o outro, sensibilisado, balbuciava os agradecimentos:

— ­Agora outra cousa, Villaça. Tenho estado a pensar. Vou escrever a meu primo Noronha, ao André que vive em Paris como você sabe, pedir-lhe que