era a Gouvarinho — a Gouvarinho que não tinha o explendor d’uma deusa da Renascença como madame Rughel, nem era a mulher mais linda em que Baptista pozera os seus olhos como a coronela de hussards: mas, com o seu nariz petulante e a sua boca grande, brilhava mais e melhor que todas na imaginação de Carlos — porque elle esperara-a essa noite e ella não tinha apparecido.
Na terça-feira promettida Ega não veiu buscar Carlos para se irem gouvarinhar. E foi Carlos que d’ahi a dias, entrando como por acaso no Universal, perguntou rindo ao Ega:
— Então quando nos gouvarinhamos?
N’essa noite, em S. Carlos, n’um entre-acto dos Huguenotes, Ega apresentou-o ao sr. conde de Gouvarinho, no corredor das frizas. O conde, muito amavel, lembrou logo que já tivera, mais de uma vez, o prazer de passar pela porta de S.ta Olavia, quando ia vêr os seus velhos amigos, os Tedins, a Entre-Rios — uma formosa vivenda tambem. Fallaram então do Douro, da Beira, compararam outras paisagens. Para o conde, nada havia, no nosso Portugal, como os campos do Mondego: mas a sua parcialidade era perdoavel, pois n’esses ferteis vales nascera e se creara: e fallou um momento de Formozelha, onde tinha casa, onde vivia edosa e doente sua mãe, a sr.ª condessa viuva...
Ega, que affectara beber as palavras do conde, começou então uma controversia, sustentando como se se tratasse dos dogmas d’uma fé, a belleza superior