estas palavras angustiosas escaparam-se-lhe dos labios:
— Vejam vocês! vem a gente a um sitio d’estes para gosar um bocado de poesia, e no fim é uma d’estas!...
Carlos bateu-lhe melancolicamente no hombro:
— A vida é assim, Eusebiosinho.
Cruges fez-lhe uma festa nas costas:
— Não se póde contar com prazeres, Silveirinha.
Mas Palma, mais pratico, declarou que era forçoso arranjarem-se as cousas. Virem a Cintra, para questões e amuos, isso não! N’aquellas pandegas queria-se harmonia, chalaça, e gosar. Couces, não. Então ficava-se em Lisboa, que era mais barato.
Chegou-se a Lolla, passou-lhe os dedos pela face, com amor:
— Anda Lolita, vae tu lá dentro á Concha, dize-lhe que se não faça tola, que venha tomar café... Anda, que tu sabe-l’a levar... Dize-lhe que peço eu!
Lolita esteve um momento escolhendo duas boas laranjas, foi dar um geito ao cabello diante do espelho, apanhou a cauda — e sahiu, atirando a Carlos, ao passar, um olhar e um sorrisinho.
Apenas ficaram sós, Palma voltou-se para o Eusebio, e deu-lhe conselhos muito serios sobre o systema de tratar hespanholas. Era necessario leval-as por bons modos; por isso é que ellas se pellavam por portuguezes, porque lá em Hespanha era á bordoada... Emfim, elle não dizia que em certos casos, duas boas bolachas, mesmo um bom par de bengaladas, não