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OS MAIAS

fossem uteis... Sabiam, por exemplo, os amigos, quando se devia bater? Quando ellas não gostavam da gente, e se faziam ariscas. Então, sim. Então zás, tapona, que ellas ficavam logo pelo beiço... Mas depois bons modos, delicadeza, tal qual como com francezas...

— ­Acredite você isto, Silveira. Olhe que eu tenho experiencia. E o sr. Maia que lhe diga se isto não é verdade, elle que tem tambem experiencia e sabe viver com hespanholas!

E isto foi dito com tanto calor, tanto respeito — ­que Cruges desatou a rir, fez rir Carlos tambem.

O sr. Palma, um pouco chocado, compoz mais as lunetas, e olhou para elles:

— ­Os senhores riem-se? Imaginam que eu que estou a mangar? Olhem que eu comecei a lidar com hespanholas aos quinze annos! Não, escusam de rir, que n’isso ninguem me ganha! Lá o que se chama ter geito para hespanholas, cá o meco! E, vamos lá, que não é facil! É necessario ter um certo talento!... Olhem, o Herculano é capaz de fazer bellos artigos e estylo catita... Agora tragam-n’o cá para lidar com hespanholas e veremos! Não dá meia...

Eusebiosinho no entanto fôra duas vezes escutar á porta. Todo o hotel cahira n’um grande silencio, a Lolita não voltava. Então Palma aconselhou um grande passo:

— ­Vá você lá dentro, Silveira, entre pelo quarto, e assim sem mais nem menos, chegue-se ao pé d’ella...