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OS MAIAS

como um pimentão, entalado n’uma sobrecasaca curta que o fazia mais atarracado, de chapeu branco sobre o olho, e grande chicote debaixo do braço.

Acceitou um copo de Champagne, e teve muito prazer em conhecer o sr. Clifford...

— ­E que me diz você a esta semsaboria? exclamou elle logo, voltando-se para Carlos.

Em quanto a si estava contente, pulava... Aquella corrida insipida, sem cavallos, sem jockeys, com meia duzia de pessoas a bocejar em roda, dava-lhe a certeza que eram talvez as ultimas, e que o Jockey-Club rebentava... E ainda bem! Via-se a gente livre d’um divertimento que não estava nos habitos do paiz. Corridas era para se apostar. Tinha-se apostado? Não, então historias!... Em Inglaterra e em França, sim! Ahi eram um jogo como a roletta, ou como o monte... Até havia banqueiros, que eram os bookmakers... Então já viam!

E como o marquez, pousando o copo, e querendo calmar o general, fallava do apuramento das raças, e da remonta, — ­o outro ergueu os hombros, com indignação:

— ­Que me está você a cantar! Quer você dizer que se apura a raça para a remonta da cavallaria?... Ora vá lá montar o exercito com cavallos de corridas!... Em serviço o que se quer não é o cavallo que corra mais, é o cavallo que aguente mais... O resto é uma historia... Cavallos de corridas são phenomenos! São como o boi com duas cabeças... Então historias!... Em França até lhe dão Champagne, homem!... Então veja lá!...