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OS MAIAS

Minhoto, em bicos de pés, junto do parapeito da tribuna, estendendo o braço para elle, animando-o:

— ­Anda Minhoto!... Isso, assim!... Aguenta, rapaz!... Bravo!... Minhoto! Minhoto!

A russa, toda nervosa, na esperança de ganhar a poule, batia as palmas. Até a enorme Craben se erguera, dominando a tribuna, enchendo-a com os seus gorgorões azues e brancos: — ­em quanto que, ao lado d’ella, o conde de Gouvarinho, tambem de pé, sorria, contente no seu peito de patriota, vendo n’aquelles jockeys á desfilada, nos chapéos que se agitavam, brilhar civilisação...

De repente, de baixo, d’ao pé da tribuna, d’entre os rapazes que cercavam o Darque, uma exclamação partiu.

— ­Vladimiro! Vladimiro!

Com um arranque desesperado o potro viera juntar-se a Minhoto: e agora chegavam furiosamente, com brilhos vivos de côres claras, os focinhos juntos, os olhos esbogalhados, sob uma chuva de vergastadas.

Telles da Gama, esquecido da sua aposta, todo pelo Darque, seu intimo, berrava por Vladimiro. A russa, de pé n’um degrau, apoiada sobre o hombro de Carlos, pallida, excitada, animava Minhoto com gritinhos, com pancadas de leque. A agitação d’aquelle canto da tribuna estendera-se em baixo ao recinto — ­onde se via uma linha de homens, contra a corda da pista, bracejando. Do outro lado, era uma fila de rostos pallidos, fixos n’uma curta anciedade. Algumas senhoras