— Ah! sr. Villaça, isto agora é outra cousa! Até os canarios cantam! E tambem eu cantava, se ainda podesse...
E foi saindo, subitamente commovida, já com vontade de chorar.
O Teixeira esperava, com um riso superior e mudo que lhe ia d’uma á outra ponta dos seus altos collarinhos de mordomo.
— Eu creio que prepararam o quarto azul ao sr. Villaça, hein? disse Affonso. No quarto em que você costumava ficar dorme agora a viscondessa...
Então o Villaça apressou-se a perguntar pela sr.ª viscondessa. Era uma Runa, uma prima da mulher de Affonso, que, no tempo em que os poetas de Caminha a cantavam, casára com um fidalgote gallego, o sr. visconde de Urigo-de-la-Sierra, um borracho, um brutal que lhe batia: depois, viuva e pobre, Affonso recolhera-a por dever de parentella, e para haver uma senhora em S.ta Olavia.
Ultimamente passara mal... Mas, olhando o relogio, Affonso interrompeu a relação d’esses achaques.
— Villaça, vá-se arranjar, depressa, que d’aqui a pouco é o jantar.
O administrador surprehendido olhou tambem o relogio, depois a mesa já posta, os seis talheres, o cesto de flores, as garrafas de Porto.
— Então v. ex.ª agora janta de manhã? Eu pensei que era o almoço...
— Eu lhe digo, o Carlos necessita ter um regimen. De madrugada está já na quinta; almoça ás sete; e