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OS MAIAS

Felizmente, Maria Eduarda tomára a casa apenas ao mez, e estava pensando em ir passar á beira-mar o tempo que tivesse de ficar ainda em Portugal.

— De resto, disse ella, foi o que me aconselhou o meu medico em Paris, o dr. Chaplain.

O dr. Chaplain? Justamente, Carlos conhecia muito o dr. Chaplain. Ouvira-lhe as lições, visitára-o até intimamente na sua propriedade de Maisonnettes, ao pé de Saint-Germain. Era um grande mestre, era um espirito bem superior!

— E tão bom coração! disse ella com um claro sorriso, um olhar que brilhou.

E este sentimento commum pareceu de repente aproximal-os mais dôcemente: cada um n’esse instante adorou o dr. Chaplain: e continuaram ainda fallando d’elle prolongadamente, gozando, através d’essa trivial sympathia por um velho clinico, a nascente concordancia dos seus corações.

O bom dr. Chaplain! Que physionomia tão amavel, tão fina!... Sempre com o seu barretinho de sêda... E sempre com a sua grande flôr na casaca... De resto, o pratico maior que sahira da geração de Trousseau.

— E Madame Chaplain, acrescentou Carlos, é uma pessoa encantadora... Não é verdade?

Mas Maria Eduarda não conhecia Madame Chaplain.

Dentro o relogio ronceiro começára a bater onze