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OS MAIAS
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Atraz Mr. Antoine, o chefe francez, grave, de chapéo alto, trazia o cesto em que viajára o reverendo Bonifacio.

Carlos e Ega acharam Affonso mais acabado, mais pesado. Todavia gabaram-lhe muito, entre os primeiros abraços, a sua robustez de patriarcha. Elle encolheu os hombros, queixando-se de ter sentido desde o fim do verão vertigens, um cansaço vago...

— Vocês é que estão excellentes, acrescentou abraçando outra vez Carlos e sorrindo ao Ega. E que ingratidão foi essa tua, John, mettido aqui todo um verão sem me ir visitar?... Que tens tu feito? Que têm vocês feito?

— Mil coisas! acudiu Ega alegremente. Planos, ideias, titulos... Temos sobretudo o projecto d’uma Revista, um apparelho d’educação superior que vamos montar com uma força de mil cavallos!... Emfim logo se lhe conta tudo ao almoço.

E ao almoço, com effeito, para justificarem as suas occupações em Lisboa, fallaram da Revista como se ella já estivesse organisada e os artigos a imprimir na officina — tanta foi a precisão com que lhe descreveram as tendencias, a feição critica, as linhas de pensamento sobre que ella devia rolar... Ega já preparára um trabalho para o primeiro numero — A capital dos portuguezes. Carlos meditava uma série d’ensaios á ingleza, sob este titulo — Porque falhou entre nós o systema constitucional.