italiano estivera em Arroios, de cama, com uma chumbada... A filha d’esse morrera em Londres, pequenina.
Villaça recahiu no canapé, succumbido.
— Quatrocentos contos, que bolada!
Então Ega resumiu. Se não existia ainda uma certeza legal, havia já uma forte suspeita. E desde logo não se podia deixar o pobre Carlos, innocentemente, a chafurdar n’aquella sordidez. Era pois indispensavel revelar tudo a Carlos n’essa noite...
— E você, Villaça, é que tem de lh’o dizer.
Villaça deu um salto que fez bater o canapé contra a parede.
— Eu!?
— Você, que é o procurador da casa!
Que havia alli, senão uma questão de filiação, portanto de legitima? A quem pertenciam esses detalhes legaes senão ao procurador?
Villaça murmurou com todo o sangue na face:
— Homem, o amigo mette-me n’uma!...
Não. Ega mettia-o apenas n’aquillo em que o Villaça, como procurador, logicamente e profissionalmente devia estar.
O outro protestou, tão perturbado que gaguejava. Que diabo! Não era esquivar-se aos seus deveres! Mas é que elle não sabia nada! Que podia dizer ao snr. Carlos da Maia? «O amigo Ega veio-me contar isto, que lhe contou um tal Guimarães hontem á noite no Loreto...» Não tinha a dizer mais nada...