um poema de heroismo, e que, ao viajarem no seu reino, dirigiam quasi sempre os passos para a campina sagrada, onde se estava erguendo sobre as columnatas esguias essa maravilhosa abobada d’onde parecem chover os altos pensamentos, e o altar-mór onde se accendia nas vidraças coloridas o sonho vago e radiante de uma visão paradisiaca.
Tal era o meio onde tinham forçosamente de brotar os grandes emprehendimentos. Foi d’esse meio que saiu a expedição de Ceuta, que não bastava para satisfazer a insaciavel cubiça de aventuras d’esses principes, que não viam em torno de si senão homens em cuja alma as suas aspirações encontravam echo ou estimulo. Assim D. Pedro foi pela Europa fóra procurar emprego para a sua energia e para a sua cubiça de saber, D. Fernando devaneou desde logo o proseguimento da conquista africana, D. Henrique, estudioso e reflexivo, sonhou a conquista do mar.
É difficil o desenho d’esta notabilissima figura. Levanta-se contra ella agora uma campanha de improperios, em que os adversarios parecem querer applicar ao juizo severo e imparcial da historia os processos das campanhas jornalisticas das luctas contemporaneas. Tomou parte n’esta campanha o sr. Theophilo Braga, e é pena que o fizesse, porque o livro em que essas tendencias incidentemente apparecem é um dos mais notaveis que se lhe devem,