a Historia da Universidade.[1] Fez-se echo simplesmente comtudo da maledicencia de um d’estes eruditos, que, descobrindo um facto minusculo que pode attenuar a gloria de uma descoberta, ou achar um ponto vulneravel no vulto de um heroe, vem triumphantemente para a rua soltar o Eureka de Archimedes, declarando urbi et orbi que vão demolir uma reputação firmada pelos seculos. Têem odios historicos tão violentos estes biliosos da erudição como os podem ter contra um poderoso adversario os mais fanaticos jacobinos da politica moderna. São perigosos homens assim, e o historiador imparcial tem de afastal-os serenamente como afasta os insultadores contemporaneos do insultado, que entornam com delicias o fel das suas calumnias nas paginas que enviam á posteridade. Seculos depois de desapparecer da face do mundo um homem eminente, apparecem deturpadores vehementissimos, em cujo espirito a vaidade de fazerem vingar um novo pensamento historico produz tão ruins consequencias como as pôde produzir seculos antes o odio de um invejoso,
- ↑ Historia da Universidade, tom. I, cap. III, pag. 137. (Lisboa, 1892.) A discordancia em que estamos n’este ponto com o illustre professor não nos impede de reconhecermos que o seu livro é monumental. O erudito, a cuja opinião elle se encosta, é João Teixeira Soares, aliás um açoriano benemerito, mas um dos taes que se deixam arrastar pelo prazer de demolir uma gloria consagrada.