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Página:Os descobrimentos portuguezes e os de Colombo.djvu/116

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sobretudo, toma as proporções phantasticas de uma d’essas cavernas das Mil e Uma Noites, illuminadas pelas fulgurações das pedras preciosas, pelo fulvo scintillar do oiro, pela nitida brancura da prata. Essa conquista do mar quel-a toda para si e isso lhe lançam em rosto os seus modernos detractores, como os bourbonicos lançavam em rosto a Napoleão não querer ser logar-tenente de Luiz XVIII e os republicanos não se contentar com o consulado electivo — queria-o para si e para a ordem de Christo que era a sua guarda pretoriana. Auxilia-o D. Pedro nas suas investigações, traz-lhe o fructo das suas viagens, auxilia-o D. Fernando na empreza de Tanger, d’essa cidade maritima que elle cubiça como um ponto de partida mais seguro para as suas expedições navaes; mas D. Fernando encontra n’elle um debil auxiliar quando vem a grave questão do seu captiveiro, D. Pedro, um indifferente, quasi um inimigo, na terrivel contenda em que estão em jogo a sua vida e a sua honra; é que todas as faculdades da sua alma estão concentradas na sua grande empreza. Mais do que o doge de Veneza elle casou com a vaga atlantica. Deu-lhe todos os affectos e toda a pureza da sua alma, as faculdades do seu espirito. Por ella captivou com as suas promessas e com as suas seducções quantos estrangeiros o podiam ajudar na sua empreza, por ella abstrahia de todas as ambições que não fossem a de conquistar