Página:Os descobrimentos portuguezes e os de Colombo.djvu/122

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do estreito de Gibraltar, que em toda a parte os recifes da costa não são perigosos, que as sondas são boas, que a navegação é facil, sendo as tempestades mesmo pouco perigosas. Elles levantaram cartas d’estas regiões e deram nomes aos rios, bahias, cabos e portos. Possúo um grande numero de borrões ou esboços d’essas cartas».[1] Accrescenta elle, porém, que nenhuma d’essas cartas resolvia a grande questão de se saber-se se podia fazer a circumnavegação da Africa!

É fra Mauro que o diz, no proprio mappa, que prova, segundo Humboldt imagina, que o cabo da Boa Esperança era conhecido mais de quarenta annos antes de Bartholomeu Dias o dobrar!

Não se vê porém que a emenda conjectural nos mappas antigos é aqui evidente? Já estão os Portuguezes a duas mil milhas do estreito de Gibraltar, e a costa africana não volta bruscamente para leste. Não é bem natural suppor a probabilidade de terminar a Africa em ponta, visto que a occidental se dirige para SE, como a oriental se dirige para SO? Como o proprio Humboldt affirma e faz notar, depois dos descobrimentos os cartographos não se limitavam a inseril-os, mas accrescentavam ás regiões descobertas os seus complementos conjecturaes. E

  1. Apud Visconde de Santarem, Recherches sur la découverte, etc., pag. 113 e 114.