Rio do Ouro, ou o que elle suppunha que era um rio, e que não era afinal senão um braço de mar, e, dando-lhe esse nome, conformou-se mais uma vez com o respeito pela tradição antiga, que affirmava que para o lado das ilhas Afortunadas, como dizia Pindaro nas suas Olympiadas, rios que conduziam ouro entravam no Oceano.[1] Assim os Arabes davam o nome de rio do Ouro a muitos, situados muito áquem do cabo Bojador, assim os Catalães chamavam rio do Ouro a um rio que encontravam para além do cabo Não e proximo das Canarias, tanto que no proprio mappa em que se affirma que Jayme Ferrer procurara o rio do Ouro, o traçado da costa não vae além do cabo Bojador.[2] Podia haver mais evidente prova de que o Rio do Ouro catalão não é o Rio do Ouro portuguez? Não fallemos sequer em que o Rio do Ouro de Jayme Ferrer é, como o descreve o manuscripto de Genova, com que se pretende dar authenticidade ao facto,[3] um rio largo em que podem fundear náus potentes, emquanto o Rio do Ouro de Affonso Gonçalves Baldaya nem rio é sequer, e n’elle, segundo affirma o almirante Roussin que o estudou hydrographicamente, só canôas
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