pelo clarão firme, sereno, da razão e do raciocinio. Encontraria Christovam Colombo no infante D. Henrique um homem que o comprehendesse, porque era um allucinado tambem; na epocha em que apparecia só o podia comprehender uma alma feminina, vibratil a todos os enthusiasmos, apaixonada pelas visões mysticas, accessivel á influencia magnetica de uma eloquencia aquecida pela sinceridade de uma convicção ardente, de uma mulher, emfim, que se chamava Isabel a Catholica, a mais radiosa encarnação da alma heroica da Hespanha, aquella que nos apparece nos longes da historia como a estatua da Poesia do Romancero, cavalheiresca e meiga, varonil na intrepidez e feminil na suave e captivadora influencia, e que elle vinha encontrar no momento mais proprio para a levar para as grandes conquistas ideaes, dentro dos muros da conquistada Granada, tendo varrido do solo de Hespanha a ultima tribu arabe e o ultimo soberano oriental, tendo feito tremular sobre o crescente prostrado a bandeira da cruz, e anciando tambem por abrir novos mundos á energia hespanhola, novas conquistas ao seu pensamento, enamorando-se facilmente da idéa de transpôr os limites do Oceano, de tentar, como outr’ora o infante D. Henrique, a gloriosa cruzada dos mares, e de ir arrancar emfim aos thesouros escondidos no tumulo do Sol o oiro do resgate para o tumulo de Christo.