Página:Os descobrimentos portuguezes e os de Colombo.djvu/204

Wikisource, a biblioteca livre
198

descobertas por Colombo estavam nos mares adjacentes á Guiné, tratou de mandar uma esquadra a esses paizes do occidente. A Hespanha protestou logo, e D. João II percebeu que tinha de desistir do intento, mas a sua diplomacia não descançou um instante, e o tratado de Tordesillas foi para essa diplomacia um verdadeiro triumpho.

Tanto se empenhavam os reis de Hespanha em tomar conta das terras que Christovam Colombo descobrira, que a toda pressa se pediram para Roma as bullas necessarias, e com tanta rapidez se andou na negociação, facilitada, pelo facto de ser o Papa Alexandre VI — Rodrigo Borgia — hespanhol de nascimento e creatura dos soberanos hespanhoes, que, tendo chegado Christovam Colombo no dia 15 de março de 1493, e só tendo sido recebido por Fernando e Isabel em abril, logo a 3 de maio do mesmo anno se concediam á Hespanha essas ilhas e terras descobertas por Christovam Colombo; mas n’essa noite, ao que parece, pensou-se que seria bom, para evitar disputas com os Portuguezes, que se marcasse uma divisão entre estes, a quem os papas anteriores tinham concedido os mares adjacentes á costa africana do cabo Não e Bojador para deante, e os Hespanhoes, e no dia 4 de maio é que se promulgou a bulla definitiva, em que se traçou a linha divisoria do polo arctico «ad polum antarcticum quæ linea distet a qualibet insularum quæ vulgariter nuncupantur